Eu te ouvi no tempo favorável e te ajudei no dia da salvação.

(2Cor 6,2)

 

A partir da Quarta-feira de Cinzas, a Igreja vive um tempo muito especial em seu calendário litúrgico, que é a Quaresma – tempo de renovação para a Igreja, para nossas comunidades, famílias e para cada um de nós em especial. É tempo de esperança na vida, conversão pela oração, introspecção, jejum e caridade. Quaresma é, pois, tempo de luz, que nos conduz à vivência do mistério pascal.

O cuidado com a casa comum inspirou a mensagem do Papa Francisco para a Quaresma de 2019 – “Converter-nos para fazer da Criação um jardim, não um deserto”. Segundo o Papa “se não estivermos voltados continuamente para a Páscoa, para o horizonte da Ressurreição, é claro que acaba por se impor a lógica do tudo e imediatamente do possuir cada vez mais”.

Juntamente com a Quaresma, esse período que nos separa da solenidade da Páscoa da Ressurreição, iniciamos a Campanha da Fraternidade, cujo tema, este ano, reivindica “Fraternidade e Políticas Públicas”, a partir do lema Bíblico “Serás libertado pelo direito e pela justiça”. (Is 1,27). A Campanha desperta-nos para a cultura da fraternidade, apontando para os princípios cristãos de justiça, amor, misericórdia e denúncia às ameaças e violações da dignidade e dos direitos, abrindo caminho à solidariedade, como nos orienta a segunda preferência apostólica universal da Companhia de Jesus – “Caminhar com os pobres, os descartados do mundo, os vulneráveis em sua dignidade, em uma missão de reconciliação e justiça”.

A Encíclica Populorum Progressio, publicada por São Paulo VI, nos primeiro anos após o Concílio Vaticano II (1967), instiga a cooperação entre os povos, o olhar sobre questões sociais e a adoção de um modelo ético-social – “Vós todos que ouvistes o apelo dos povos na aflição, vós que vos empenhais em responder-lhes, vós sois os apóstolos do bom e verdadeiro desenvolvimento, que não consiste na riqueza egoísta e amada por si mesma, mas na economia ao serviço do homem, no pão cotidiano, distribuído a todos como fonte de fraternidade e sinal da Providência”.

Nesse contexto, a Igreja suscita a participação do Povo de Deus e de todo homem e mulher de boa vontade, para que participem ativamente da vida política e pública, no viés da consolidação do bem comum, para derrubar os muros da exclusão, do individualismo, da violência, do preconceito, da corrupção, do ódio e da ganância, em prol da vivência cidadã, global e comunitária.

A prática da justiça e do direito precisa nascer do coração, segundo o Papa Francisco, pois “Deus, na sua Providência, oferece-nos a Quaresma como sinal sacramental da nossa conversão, que anuncia e torna possível voltar-se a Deus de todo o coração e com toda a nossa vida”. Assim, imbuídos desse espírito, que tenhamos uma abençoada Quaresma, pautada na conversão do nosso coração, na caridade cristã e no testemunho da Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Que assim seja!

Paz e Bem!

Afonso Luiz Silva

Diretor