“O dia 08 de março é um convite a reconhecer, acolher e favorecer o protagonismo das mulheres nos diferentes espaços da sociedade, nos campos da cultura, educação, política, economia, religião, etc. Parabenizo a mulher pela capacidade de ser mulher e conquistar, com competência, seu espaço”. Foram essas as palavras que o Diretor-geral do Colégio Catarinense, Padre Mário Sündermann, SJ, usou para homenagear as mulheres que fazem parte da Comunidade Educativa do CC. São professoras, funcionárias, mães, alunas, que, juntas, chegam ao número aproximado de cinco mil pessoas.

Nesse imenso universo, escolhemos uma pequena amostra – sete mulheres – que, com seu
depoimento pessoal, nos brindaram com suas percepções sobre o “ser mulher” hoje. Um encontro especial, repleto de emoção e gratidão, marcou essa entrevista.

“Foi na sala de aula que me tornei mãe”

Para a professora de inglês, Maria Luiza Périco, o Dia da Mulher é motivo de muita comemoração. Desbravadora desde a juventude, ela se destaca por ser a primeira mulher a dar aulas no Colégio Catarinense. Desde então, já se passaram 45 anos.

Apesar de não ter se casado e de não ter filhos, Maria Luiza confessa que todos os seus alunos são tratados como se fossem da sua família: “Eu tenho um amor muito grande pelo jovem. Quando estou no meio deles, estou na minha seara. Cada aluno para mim é diferente um do outro, porém todos são especiais. Meu olhar busca entendê-los e respeitá-los. Quando passo o conteúdo, jamais me posiciono como a dona da verdade, construímos a aula juntos. Acho que toda a minha maternidade está dentro da sala de aula. Tem aluno que me chama de mãe”.

 “Sou uma mulher moderna e independente”

Rose Oliveira trabalha no CC há mais de 10 anos. Sua função é cuidar para que a Unidade Infantil esteja sempre limpa e organizada. Timidamente, ela demonstra ser uma das mais agradecidas pela emancipação da mulher. “Valorizo o fato de ser independente. Não consigo me ver dentro de casa, sou uma mulher moderna e agradeço a todas que lutaram para que eu hoje possa cuidar da minha própria vida”.

“Minha feminilidade se mantém, adoro ganhar flores”

Para a professora Lenita Zambra, o Dia da Mulher é um passo para a credibilidade do sexo feminino. “Acredito que todas as pessoas gostam de serem homenageadas, principalmente as mulheres que são mães, possuem uma carreira profissional, têm uma sobrecarga de trabalho e, às vezes, não são valorizadas. Hoje, acho que já vivemos quase numa relação de igualdade”. A professora de português acredita que os homens, hoje, ajudam mais e buscam se adaptar à nova mulher. Em relação às flores, diz: “adoro ganhar flores, não apenas no Dia da Mulher, mas em qualquer outro dia. Acho que a feminilidade se mantém”.

“Desde pequena, sempre cuidei de todos”

A professora Cléia Bernadete Fritzke Abdalla, diretora acadêmica do CC, teve uma educação alemã. Filha mais velha de seis irmãos, ela teve sua formação influenciada por três gerações de fortes mulheres. “Hoje vejo que esse dia é uma necessidade em alguns países e culturas. Aqui onde vivemos, no entanto, a sociedade já percebe que, apesar das diferenças de gênero, todos têm contribuições que se complementam. Vejo que já existe uma percepção das novas gerações de que a união dos dois gêneros faz a vida fluir melhor. Acho que a luta foi válida”, revela.

O pai da professora Cléia sempre a apoiou a ter atitude perante a vida: “Ele queria que eu estudasse e tivesse o meu emprego. Tive um pai moderno, muito mais que muitos homens contemporâneos”.

“Sou uma mãe amazona”

Ela ficou viúva há 19 anos. Mãe de cinco filhos, a professora de artes Leuzi Soares aprendeu rápido o verdadeiro significado da palavra guerreira. “Para falar do ‘feminino’, é preciso remeter ao histórico, ao cultural, aos mitos: um dos mais famosos é o da mulher guerreira, que nos remete ao arquétipo das amazonas. Acho que a liberdade que conquistamos foi bastante positiva, mas, na vida real, alguns papéis se inverteram. Grande parte das mulheres que se tornaram mães não podem e nem conseguem mais cuidar dos seus filhos por dois ou três anos. Agora, está mais em evidência a mulher guerreira”. Leuzi confessa que seu lado amazona desenvolveu-se por uma questão de necessidade: “A vida me pediu isso”.

“O Dia da Mulher é todo dia para mim”

Kelly Coelho, funcionária do Departamento Pessoal do CC, é a mais nova desse time de mulheres independentes. Grávida de cinco meses da Júlia, que chega ao mundo no dia 15 de julho de 2013, ela não concorda com o fato de o Dia da Mulher ser comemorado apenas uma vez por ano: “O Dia da Mulher, para mim, é todo dia. Acho que as obrigações ainda são maiores para a mulher, mas viveria sem o ‘Feliz Dia da Mulher’ por acreditar que todos os outros dias são também importantes. Nesse momento, sinto-me mais especial por estar carregando a Júlia comigo. Sei que ela chega a uma sociedade na qual as coisas estão mais equiparadas, e isso é muito bom. A Júlia vai poder votar, trabalhar, dirigir, fazer as próprias escolhas, inclusive decidir se quer ou não ser mãe”.

E a homenagem do Colégio Catarinense termina com o depoimento pessoal de um homem: o Diretor-geral, Padre Mário Sündermann, nos fala sobre o que é ser mulher nos dias de hoje: “Para mim, mulher é: afeto, ternura, carinho, seriedade, conhecimento, competência, transformação, coragem, alegria, criatividade. Ela é vida e geradora de vida, é mãe e profissional, ela é humana e divina, simplesmente indescritível. Parabéns às mulheres do Colégio Catarinense! Que, por intercessão de Maria, mãe e mulher, Deus as cubra de bênçãos!”