O Colégio Catarinense celebra a nomeação do 1º Papa Jesuíta da história da Igreja Católica. Os padres jesuítas, Mário Sündermann, Diretor-geral do CC, e Quirino Weber, Superior da Comunidade Jesuíta de Florianópolis, dão um depoimento sobre o novo Papa Francisco e sobre o que se pode esperar dele.

O 1º Papa Jesuíta

Para nós, jesuítas, a nomeação de um papa que provém de nossa ordem, por um lado, leva a uma grande alegria e, por outro, gera certa ansiedade, tendo em vista a grande missão que ele assume. Os jesuítas, por força de identidade, não buscam o poder; por isso, penso que a indicação exigiu dele um grande esforço pessoal para aceitar essa missão, a qual é um desafio, e desafios representam sempre uma oportunidade. Ele vivencia a espiritualidade da Companhia de Jesus e conhece bem o amplo e diversificado apostolado dos Jesuítas.

A Companhia foi convidada, por Bento XVI, para estar em lugares de fronteira. Esses lugares são escorregadios, de decisões ponderadas, às vezes tomadas no calor da hora, em outras, dependendo de muita reflexão e discernimento. Como jesuíta, penso que ele vai saber lidar com questões cruciais, que, a meu ver, são questões de fronteira e, para tanto, deverá contar com assessorias nas diferentes áreas. Diante de problemas mais complexos, é recorrente, na prática dos jesuítas, contar com a colaboração de especialistas.

O Papa Francisco deverá ser um papa moderador, uma vez que consegue transitar tanto no mundo juvenil quanto entre cristãos mais maduros, com gente simples e com intelectuais. Acredito que um dos motivos de sua escolha deve-se ao fato de ser um Papa de discernimento. Ele, antes de tomar qualquer decisão, consultará primeiro a consciência. O discernimento pressupõe olhar para a realidade, para o contexto, e, à luz da fé, buscar o bem mais universal, a necessidade mais urgente e por qual caminho se obtém o maior fruto. Penso que o Papa Francisco, na condução da igreja, terá um horizonte amplo e aberto, enfrentará desafios novos e importantes, mas atuando sempre com discernimento, compartilhou Padre Mário, SJ.

Um Papa que anima

Nós nos encontramos há uns 40 anos. Naquela época, éramos formadores dos jesuítas; ele, na Argentina, e eu, no Brasil. Conversamos bastante sobre a maneira de formar um padre moderno, um jesuíta atual. Tínhamos interesse em formar um padre jesuíta para ser missionário e apóstolo no mundo moderno, como Santo Inácio de Loyola aspirava.

O Papa Francisco, pelo conhecimento que tenho dele, é um homem de experiência pastoral, que tem uma visão de mundo, uma capacidade para animar. Não uso o termo “governar”, pois não é um governo, mas se trata, na verdade, de uma animação da vida cristã, da Igreja Católica no mundo inteiro.

O que aprendi com ele foi esse ânimo em querer crescer e buscar novas maneiras de viver, trabalhar, de cumprir a missão, de seguir Jesus Cristo e de formar os padres jesuítas.

Acredito que ele tenha uma abertura para esta circularidade da vida de hoje. Ele será capaz de se assessorar com o povo, para qualificar essa tarefa de animar. Biblicamente, chamo-o de servo, para servir o povo de Deus, com a responsabilidade de animar. Ele vai levar a palavra de João Paulo II, que dizia que a Igreja é uma escola de comunhão, de união, de soma de forças, de responsabilidade e de reconciliação, partilhou Padre Quirino Weber, SJ.