Desde 2018, o Colégio Catarinense promove a Monitoria Estudantil Externa, iniciativa que conecta alunos da instituição a estudantes de escolas públicas para aulas de reforço e troca de conhecimentos. Em 2025, o projeto segue impactando jovens da Escola Estadual Presidente Juscelino Kubitschek (JK), em São José, na região metropolitana de Florianópolis, oferecendo oportunidades educacionais que transcendem a sala de aula.
Coordenado pelo professor Pedro Baesso, o projeto ocorre todas as sextas-feiras, das 13h30min às 16h30min, no Colégio Catarinense. Cerca de 40 alunos do JK são atendidos por 25 estudantes do Catarinense — entre monitores e voluntários —, que preparam conteúdos para sanar defasagens e reforçar disciplinas críticas.
“A ideia é tentar motivar a escola, o JK principalmente, a perceber que a educação é uma possibilidade palpável, alcançável”, explica o professor Pedro. “Lá, geralmente são só cinco aulas, e a nossa carga horária aqui é bem maior. Acontece também de ficarem sem professor de Matemática, sem professor de Inglês. Então, a gente faz esse trabalho de reforço, aluno ensinando aluno, partilhando conhecimento”.
Segundo o professor Pedro, muitos monitores e voluntários acompanham a mesma turma desde o primeiro ano. A iniciativa também fortalece valores como empatia e comprometimento, tanto para os alunos do Catarinense quanto para os do JK.
Impacto no futuro dos jovens
Os depoimentos dos estudantes do JK revelam como a monitoria está transformando suas trajetórias. Isabela Cardoso, de 17 anos, destaca que o projeto tem um papel fundamental em sua motivação acadêmica, sonhando cursar Pedagogia na UFSC ou mesmo no exterior. “É uma oportunidade muito diferente, já que a maioria dos estudantes de colégio público não tem acesso a tanta informação e à oportunidade de aprender uns com os outros, em uma escola diferente, com uma realidade diferente da que a gente vive”, conta ela.
Para outros, a iniciativa representa uma superação. Após uma experiência “traumática” no ENEM como treineiro, Wesley Pereira, de 17 anos, inspirou-se em colegas que já haviam participado da monitoria. “Soube do projeto com alunos do Terceirão do ano passado. Eles falavam como as aulas aqui ajudavam, e vi os resultados nas notas deles.” Sobre o futuro, Wesley nutre o desejo de cursar Psicologia na UFSC, apesar do interesse também por Jornalismo e do sonho que começa a ganhar forma: estudar no Canadá.
Já Vitor Sousa, também de 17 anos, relata como a monitoria o ajudou a melhorar seu desempenho acadêmico: “o Pedro sempre enfatizou que isso mudaria a nossa vida. E, com a experiência que eu tenho até agora, realmente mudou. Tive bons resultados nos dois vestibulares que fiz como treineiro”. O jovem sonha em cursar o bacharelado de Ciências Biológicas para atuar como perito criminal, mas o coração também está dividido com a carreira de Relações Internacionais.
Outro diferencial do projeto é o laço de amizade e fraternidade entre os alunos das instituições, que dá segurança aos jovens no caminho até a universidade. “O pessoal daqui, tanto da monitoria quanto o pessoal que se formou, ajuda muito a gente. A gente conta com a participação deles na nossa trajetória. E eu sinto que a gente sempre tem aquele apoio quando precisa. Eles estão ali para ajudar e não negam esforços”, testemunha Vitor.
O professor Pedro reforça que o projeto vai além do reforço escolar: “há uma troca imensa, tanto de conhecimento quanto de experiência de vida. Os nossos alunos crescem muito como pessoas e cidadãos”.
A escola Juscelino Kubitschek é uma instituição pública estadual que atende cerca de 1400 alunos, do 1° ano do Ensino Fundamental à 3ª série do Ensino Médio. Em 2024, alunos do JK que participaram da monitoria foram aprovados em cursos como Agronomia, Arquitetura e História em universidades federais. A iniciativa prova que, quando a educação é colaborativa, os resultados são compartilhados — e o futuro, mais acessível.
Parceria que gera transformação
A relação entre os alunos do Colégio Catarinense e da Escola Estadual Presidente Juscelino Kubitschek acabam indo além da monitoria. Muitos pais de alunos das disciplinas eletivas de Voluntariado e da Monitoria Externa e colaboradores do CC também se envolvem, e os resultados podem ser vistos em diversas melhorias no ambiente escolar.
Em dezembro do ano passado, foram doadas 99 cadeiras universitárias do Colégio Catarinense ao JK. As novas cadeiras foram instaladas nas salas do segundo piso da escola, onde estudam os alunos das terceiras séries do Ensino Médio.
Outra ação importante foi a revitalização da biblioteca da unidade escolar. Os alunos do Catarinense envolveram a comunidade educativa e puderam contribuir com a reforma física da estrutura, bem como com a aquisição de estantes e a organização do acervo.
Com cada aula compartilhada, cada gesto de escuta e apoio, o projeto de Monitoria Estudantil reafirma a força da educação como ponte entre realidades distintas — e como ferramenta poderosa de transformação social. Mais do que ensinar, os alunos envolvidos aprendem a ser presença significativa na vida do outro, construindo juntos um futuro com mais equidade, empatia e esperança.