Caros irmãos e irmãs da comunidade educativa do Colégio Catarinense,

O Papa Francisco, ao convidar todas as pessoas para um dia de oração e jejum pela paz no mundo, quer, evidentemente, fazer ecoar, em nossas sociedades, o apelo da paz, que é o fruto da justiça e do amor, do encontro e do diálogo. Como ele enfatiza em sua carta, “é necessário cultivarmos a cultura do encontro e do diálogo”.
De fato, precisamos desarmar nossos corações petrificados pelo egoísmo, pelo individualismo, pelo medo, pela ganância, pela violência e pela falta de sentido, ao viver em uma sociedade de consumo, onde tudo e todos se tornam apenas produtos consumíveis e descartáveis. É necessário que construamos, juntos, uma sociedade alicerçada na cultura do encontro, na qual o outro se faz um irmão.
Desse modo, seremos construtores da paz e defensores da vida. Precisamos fazer isso em todos os níveis relacionais de nossas sociedades: a começar em nossos lares, como família; em nosso colégio, como amigos na missão; em nossa cidade, como cidadãos; em nosso país, como povo que defende a paz e a vida no mundo.
Nesse sentido, oração e jejum parecem ineficazes no meio de tanta indiferença; tornam-se, porém, meios importantíssimos para fazer presente, em nossa carne e em nosso espírito, a importância do papel que cada pessoa tem nessa missão de paz, de justiça e de amor. É importante ter em mente que fazemos regimes e nos abstemos de muitos hábitos e alimentos por vários motivos, muitos deles movidos pela vaidade e pela busca de reconhecimento. Contudo, toda a tradição espiritual cristã confirma que motivos como esses não podem dar sentido a uma vida.

Finalmente, o Papa Francisco, ao propor um dia de oração e jejum, resgata simbolicamente o nosso comprometimento pela paz entre nós; oferece-nos um sentido muito maior para nossos atos, nossos regimes e nossas práticas religiosas, através dos quais cada um pode oferecer um pouco de si, do seu amor, de seus atos pela concórdia entre os povos, pela paz entre todos nós.
Oremus pro invicem et pacem!
Pe. Luiz Harding Chang, SJ
Pax Christi!
Hoje, queridos irmãos e irmãs, queria fazer-me intérprete do grito que se eleva, com crescente angústia, em todos os cantos da terra, em todos os povos, em cada coração, na única grande família que é a humanidade: o grito da paz! É um grito que diz com força: queremos um mundo de paz, queremos ser homens e mulheres de paz, queremos que nesta nossa sociedade, dilacerada por divisões e conflitos, possa irromper a paz! Nunca mais a guerra! Nunca mais a guerra! A paz é um dom demasiado precioso, que deve ser promovido e tutelado.
Vivo com particular sofrimento e com preocupação as várias situações de conflito que existem na nossa terra; mas, nestes dias, o meu coração ficou profundamente ferido por aquilo que está acontecendo na Síria, e fica angustiado pelos desenvolvimentos dramáticos que se preanunciam.
Dirijo um forte Apelo pela paz, um Apelo que nasce do íntimo de mim mesmo! Quanto sofrimento, quanta destruição, quanta dor causou e está causando o uso das armas naquele país atormentado, especialmente entre a população civil e indefesa! Pensemos em quantas crianças não poderão ver a luz do futuro! Condeno com uma firmeza particular o uso das armas químicas! Ainda tenho gravadas na mente e no coração as imagens terríveis dos dias passados! Existe um juízo de Deus e também um juízo da história sobre as nossas ações aos quais não se pode escapar! O uso da violência nunca conduz à paz. Guerra chama mais guerra, violência chama mais violência.
Com todas as minhas forças, peço às partes envolvidas no conflito que escutem a voz da sua consciência, que não se fechem nos próprios interesses, mas que olhem para o outro como um irmão e que assumam com coragem e decisão o caminho do encontro e da negociação, superando o confronto cego. Com a mesma força, exorto também a Comunidade Internacional a fazer todo o esforço para promover, sem mais demora, iniciativas claras a favor da paz naquela nação, baseadas no diálogo e na negociação, para o bem de toda a população síria.
Que não se poupe nenhum esforço para garantir a ajuda humanitária às vítimas deste terrível conflito, particularmente os deslocados no país e os numerosos refugiados nos países vizinhos. Que os agentes humanitários, dedicados a aliviar os sofrimentos da população, tenham garantida a possibilidade de prestar a ajuda necessária.
O que podemos fazer pela paz no mundo? Como dizia o Papa João XXIII, a todos corresponde a tarefa de estabelecer um novo sistema de relações de convivência baseados na justiça e no amor (cf. Pacem in terris,